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Julgamento do TCU reacende a fé no Brasil

 

* Por Ulrich Kuhn

O dia 7 de outubro passa a ser uma data histórica pra mim e milhões de brasileiros. Felizmente, o País pôde viver nesta quarta-feira um momento de sensatez e honestidade, virtudes tão raras em Brasília nos últimos tempos. É um alento para quem, assim como eu, acredita que o País irá se recuperar desta onda de corrupção e “desgovernança fiscal”, expressão perfeitamente adotada pelo relator das contas da presidente Dilma Rousseff, Augusto Nardes, no julgamento do TCU (Tribunal de Contas da União).

É também do voto dele um trecho que traduz o sentimento de toda uma nação: “o que se observou foi uma política expansiva de gastos sem sustentabilidade fiscal e sem a devida transparência”.

É um alívio saber que as “pedaladas fiscais” e outras irregularidades praticadas em 2014 não passaram impunes ao crivo do TCU, órgão que tem a função de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo. Para quem não se lembra, esta manobra atrasou repasses para instituições financeira públicas do dinheiro de benefícios sociais e previdenciários e obrigou a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, por exemplo, a usar recursos próprios para honrar compromissos, financiando, assim, contas do governo. O montante desta operação foi de R$ 40 bilhões. Mas, as irregularidades fiscais apontadas pelo Tribunal em 2014 chegam a R$ 106 bilhões.

É a segunda vez na história da democracia brasileira que o TCU recomenda ao Congresso a rejeição das contas de um presidente. A primeira foi durante o governo Getúlio Vargas. No entanto, naquele ano de 1937, o Congresso não seguiu a indicação do tribunal.

Mesmo ciente de que a recomendação do TCU não é uma ordem, torço com todas as forças e a fé que me resta na política brasileira que o parecer técnico do órgão seja seguido pelo Congresso.

O que se viu no julgamento do Tribunal de Contas da União neste dia 7 de outubro foi um sopro de vida no coração dos brasileiros. Espero que, dessa sessão, tomem-se as medidas corretas e necessárias, que nossos deputados e senadores saibam conduzir o País para o fim desta crise que envolve todas as esferas nacionais: política, fiscal e econômica.

* Ulrich Kuhn é presidente do Sintex – Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário



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